terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dia dos estudantes.



Aos meus queridos alunos
Que estimo e quero bem
Hoje é uma data festiva
Que esta data lhes convém
A todos dou boa noite
E, aceitem meus parabéns!


Estou parabeninzando
Esta turma de valor
Me recordo o passado
Do tempo do meu avô
Que morreu analfabeto
Por falta de professor.


Hoje, todos são doutor
Tem doutor pra advogar
Tem doutor pra todos os casos
Que a nação precisar
E nosso tempo, Coitados!
Só ia a roça brocar.


No meu tempo a gente ia
A escola sem almoçar
Porque não tinha dinheiro
Para o almoço comprar
Estudava satisfeito
Não tinha a quem se queixar.


Hoje, o aluno diz:
Eu só vou para a escola
Se o governo me pagar
Ainda tem mais uma coisa:
Tem que mandar me buscar
E se não tiver merenda
Me diga, que eu nem vou lá!


Ainda tem mais outras coisas
Que ele vai ter que me dá:
Livro, caderno, caneta
Borracha para apagar
E ficar sempre na lembrança:
Tem que mandar me buscar.

Dia dos estudantes

Troca-Troca.


No meu tempo existia
Moral, capricho e respeito
Os casais se amavam
E viviam satisfeitos
Hoje, só existe fofoca
É um tal de troca-troca
Que só Jesus vai dá jeito.


A Maria era do Zé
Hoje é do Sebastião
Zé pra não ficar sozinho
Arranjou a Conceição
Antes de completar dois meses
Fugiu com Mané João


A Conceição apaixonou-se
Resolveu deixar o Zé
O Zé danado de mole
Além de mole, sem fé
Disse: eu quero é minha Maria
Para me dá cafuné.


A Maria falou pro Zé
Eu vim pra nós conversar
Se me quiseres de volta
Eu quero contigo casar
Que pra quando morrer
Com a pensão eu vou ficar.


Prometo não te deixar
Viver somente contigo
Te botar chifre eu não boto
Só se for muito escondido
Que aquilo que os olhos não veem
É mesmo que não ter sido.


O Zé abaixou a cabeça
E começou a chorar
Disse: Maria, minha fia
Quero contigo casar
Te peço por Jesus Cristo
Nunca mais vai me deixar.


Eu pretendo te amar
Assim mesmo envelhecido
Mesmo que tu não me ames
Porque já estou vencido
Mas te peço, me ajuda
Que eu te fico agradecido.


Falar do Sebastião,
Coitado, perdeu a fé
A Maria resolveu
Voltar de novo pro Zé
Ficou o Sebastião,
Sozinho sem ter mulher.


Mas falou Sebastião
Eu tenho que me virar
Ficar sozinho, eu não fico,
Pois eu preciso de um lar
Vou fazer todo o possível
Para a Maria voltar.


Eu estou apaixonado
Por aquela linda mulher
E eu vou fazer de tudo
Para tomá-la do Zé
Que um homem que está vencido
Pra que diabo que mulher?


E amanhã, se Deus quiser
Com Maria eu vou falar
Dizer que ela se case
Que depois vou lhe buscar
Quando esse peste morrer
Com a pensão nós vamos ficar.


Nós vemos o nosso mundo
Tão cheio de confusão
Mulher não teme ao marido
E é dona da razão
Joga umas gaiadas nele
Que as pontas arrastam no chão.


E não existe perdão
Ela é quem fala primeiro
Se me quiser é assim:
Junto com o meu parceiro
Se não quiser, vá embora!
Fedor de pai-de-chiqueiro.


E eu não estou com exagero
Mas sempre, sempre é assim
Tem um tal de troca-troca
Que é um negócio ruim
Hoje, o cabra tem mulher
E amanhã fica sozinho.

As Nossas Carnaubeiras.



I


As nossas carnaubeiras
são frutos do Salvador
E a natureza criou
E serve pra criaturas
São árvores muito seguras
Que agüenta o seco e o molhado
Até o fogo de roçado
Se sente bem com o calor
As nossas carnaubeiras são frutos,
Que Deus deixou.

II

As nossas carnaubeiras
Brotam palha, cacho e flor
Muito bonitas e frondosas
Nunca ninguém lhe adubou
Não se roça e nem se água
E o sol é seu protetor
O agrado que recebe
Todo o ano um cortador
As nossas carnaubeiras
São frutos que Deus criou.

III

As nossas carnaubeiras
Frutos de muito valor
É um produtor exportado
Emprega o trabalhador.
Depois do produto pronto
Segue pro exterior
Dar um bom lucro a quem vendeu
E muito mais a quem comprou
As nossas carnaubeiras
São frutos que Deus deixou.

IV

As nossas carnaubeiras
São frutos que Deus deixou
Para mim são importante
Porque tem o seu valor
Da cera dar lindo disco
Contando historia de amor
Os mesmo são bem vendidos
Dando um lucro ao cantor
As nossas carnaubeiras
São frutos que Deus deixou.

V

As nossas carnaubeiras
Tem muitas utilidades
Porque seus produtos abrange
Abrange todas as localidades
Da palha se faz chapéu
Vende-se ao consumidor
Com a bagana se aduba
A roça do lavrador
As nossas carnaubeiras
São frutos que Deus deixou.

VI

Eu vou mudar de poema
Pra ver qual é a maneira
Que eu posso recitar
O que tem a carnaubeira
Pra isto tem que ir a feira
E conversar com alguém
Que seja lá da ribeira
Pra não conversar besteiras
Pois tenho que versar bem.



VII

Nos nossos artesanatos
Tem tudo de carnaubeira
Se não quer acreditar
Amanhã vá ver a feira
Lá tem uru e tem esteira
Tem até espanador
Pra espanar a poeira
E corda pra laçar corno
Do tanto que você queira.

VIII

Sendo assim desta maneira
Tenho muito o que versar
Porque são muitos produtos
Que a carnaubeira dá
Só que pretendo parar
Porque não tenho talento
É pouco conhecimento
Para em versos citar
E peço ao Dr. Helio
Que queria me desculpar.


Quem for moço aproveite a mocidade.





I

Já fui moço gozei a mocidade
Com forró vaquejada e cantoria
Namorar foi a minha simpatia
E hoje me sinto desprezado
Quero ter uma mulher ao meu lado
Que me ajuda sair desta amargura
Para mim esta casa é escura
Eu sozinho morrendo de saudade
Quem for moço aproveite a mocidade
Porque a velhice é um mau que não tem cura.

II

Quem for moço aproveite a mocidade
Que a velhice só deixa de sabor
Com setenta já sou um bisavô
E a velhice de mim se encarrega
Para onde ela me leva eu vou
Parecendo um aspecto de loucura
Mesmo assim vou sofrendo esta amargura
Só por causa do peso da idade
Quem for moço aproveite a mocidade
Porque a velhice é um mau que não tem cura.


III

Quem for moço aproveite a mocidade
Que a velhice pra mim é um horror
Quando penso que fui que hoje sou
Fico triste sem ter nenhum valor
A mulher que eu tinha me deixou
Tão sozinho sofrendo esta amargura
Para mim o que resta é a sepultura
Para sair desta grande falsidade
Quem for moço aproveite a mocidade
Porque a velhice é um mau que não tem cura.

IV

Quem for moço aproveite a mocidade
Antes que fique do jeito que estou
Sem mulher sem carinho sem amor
Neste canto sem ter um alimento
Quem passa diz oh velho fedorento!
Nem parece com gente é uma figura
Pode até ser uma boa criatura
Não cansou nunca teve uma amizade
Quem for moço aproveite a mocidade
Porque a velhice é um mau que não tem cura.

Louvor à Natureza







I

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
Vejo a beleza da árvore carregadinha de flor.
Na flor a fruta é detida pela ordem do Senhor;
E depois de espremida dá suco de bom sabor.
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.


II

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
Eu amo todas as aves que a Natureza criou,
Desde o galo-de-campina ao pequeno beija-flor,
E a criação inteira, obra do Nosso Senhor.
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.

III

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
Vejo como as abelhinhas trabalham com amor;
Fazem um favo, apuram o mel sem cobrar nenhum valor.
E o mel é bom remédio para gripe, febre e dor.
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.

IV

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
Bem-feito como ficou o mundo é bom e bonito.
Jesus fugiu do Egito e com trinta anos voltou;
E o Judas o traiu vendendo-o a quem o matou.
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.

V

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
Vejo um céu de estrelas bordando
E um campo abrigo flor,

Uma lua cor de prata como o maior explendor.
Ela é dos namorados por ordem de Nosso Senhor.
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.


VI

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
Não pude ser um doutor e fiquei sendo um roceiro.
Doutor só pensa em dinheiro e não é tão admirador
Das coisas que Deus criou e que para mim são a riqueza.
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.

VII

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
Urubu não tem beleza mas é grande o seu valor,
Comendo matéria podre nunca um salário cobrou;
Faz higiene de graça, um trabalho salvador.
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.

VIII

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
João-de-barro tenho certeza, é um grande construtor;
Se o inverno vem pesado, ele mesmo é sabedor:
Faz casa pro poente e não deixa corredor;
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.

IX

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
Me dizem que o Caipora não gosta do caçador;
Deixa-o dormindo no mato, pra isso o anestesiou;
E o homem volta pra casa sem saber por onde andou.
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.

X

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
O sol é o rei dos astros, de onde vem luz e calor;
Com o clarão da aurora mostra já seu esplendor,
E ao desbotar bota raios bonitos, furtando cor.
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.



XI

Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador;
É artista caprichosa, assim a fez seu autor,
Que de Adão fez a Eva pra nenhum ser pecador;
Mas a Eva, traiçoeira, seu plano desmantelou.
Eu adoro a Natureza do nosso Pai Criador.





Das Coisas do Meu Sertão



I

Falto morrer de saudade
Do tempo da minha infância
Nunca saiu da lembrança
Quando vivi com meus pais
Que hoje não vivo mais
Só tenho recordações
Uma grande confusão
Se este mundo é falsidade
Falto morrer de saudade
Das coisas do meu sertão.

II

As coisas de meu sertão é um pote uma chaleira
E uma vaca leiteira
Para fazer requeijão
Pra se comer com baião
Para a fome saciar
E um violão pra tocar
Numa noite de Soa João
Me recordo a mocidade
Falto morrer de saudade
Das coisas do meu sertão.

III

As coisas do meu sertão
Ninguém pode comparar
Tem feijão tem rapadura
Tem arroz tem mungunzá
Para a fome saciar
Todos com satisfação
E quem quiser ter confusão
Que vá morar na cidade
Falto morrer de saudade
Das coisas do meu sertão.

IV

No meu sertão tem forró
Vaquejada e cantoria
Tem amor de garantia
E não existe falsidade
Mais o amor da cidade
A cobra leva um chifrão
E depois jogam na prisão
É uma barbaridade
Falta morrer de saudade
Das coisas do meu sertão.

V

No meu sertão tem forró
Vaquejada e tem leilão
E aqui nesta cidade só existe confusão
Só se ver televisão
E estou pra não agüentar
Qualquer dia eu vou voltar
Para o meu lindo torrão
Na minha propriedade
Falto morrer de saudade
Das coisas do meu sertão.

VI

As coisas do meu sertão
É um roçado queimado
É um lindo lastro de palha
É uma fazenda de gado
É um vaqueiro afamado
Para pegar Barbatão
No seu cavalo Alazão
Cheio de felicidade
Falto morrer de saudade
Das coisas lindas do meu sertão.